“É preciso libertar as mamães das
teorias. É preciso libertar as mães das tabelas com horas. Das aplicações de
telemóvel que apitam a avisar que é hora do bebê comer. Ou de mudar a fralda.
Ou de dormir. É preciso libertar as mães dos palpites e conselhos que as
fragilizam. Dos “especialistas” e seus métodos “infalíveis”. De todos aqueles
que paternalisticamente lhes dizem, ainda que mais ou menos subtilmente, que
estão a fazer tudo mal.
É preciso libertar as mães da pressão
de que têm que saber logo tudo. Ou que têm que acertar à primeira.
É preciso libertar as mães da ideia
de que os seus bebês não sabem nada. De que precisam de ser orientados em tudo.
De que os bebês não sabem o que é melhor para eles.
- Os bebês sabem sim o que é melhor
para eles. E o melhor para eles em quase todas as situações é estar junto à
mãe. Por isso o pedem.
– É preciso libertar as mães da ideia
de que o bebê precisa de “aprender a dormir”. Ou a “autoconsolar-se”. Ou que é
preciso incentivar o bebê a ser autónomo.
Sim, o bebê será autónomo um dia.
Provavelmente no dia em que deixará também de ser isso mesmo: um bebê.
Provavelmente no dia em que deixará também de ser isso mesmo: um bebê.
(e esse tempo chega tantas vezes rápido
demais)
Mas, para já, este é o tempo para
estarem juntos. Os bebês humanos não são, por determinação biológica,
autónomos. Eles precisam das mães.
Para já, é preciso dizer às mães que
os bebês precisam delas porque é mesmo assim. E é preciso libertar as mães do medo dos “vícios e das manhas”
para que o colo que o bebê lhes pede não lhes pareça uma prisão.
É preciso libertar as mães de quem
acha, mais ou menos dissimuladamente, que os bebês são pequenos seres
manipuladores. É preciso libertar as mães da pressão “para não ceder”. É
preciso libertar as mães da ideia de que um choro de fome é mais importante que
um choro assustado que pede colo ou aconchego no meio da noite.
E é preciso.. não… é urgente libertar
as mães da desconfiança para com os seus bebês.
Porque ninguém se apaixona desconfiando.
Porque ninguém se apaixona desconfiando.
Porque no fundo, o que é preciso é
libertar o coração das mães.
Só assim, sem medos nem reservas, o
coração das mães poderá ser tão inocente como o coração dos seus bebês.
Então depois, depois de libertarmos o
coração das mães, é preciso libertar-lhes os braços. Libertá-los das tarefas
domésticas que possam ser feitas por outros. Libertá-los da pilha de roupa para
engomar..
Libertar os braços das mães é urgente.
Porque se os braços das mães estiverem libertos, elas terão muito mais vontade de os colocar em volta dos seus bebês.
Porque se os braços das mães estiverem libertos, elas terão muito mais vontade de os colocar em volta dos seus bebês.
E o olhar das mães. Também é preciso
libertá-lo porque, para que tudo melhore, as mães precisam de um olhar
disponível para os seus bebês. Nenhum livro, nenhum manual de instruções,
poderá alguma vez falar do nosso bebê, como nos falam os seus pezinhos, as
mãos, as bolhinhas no canto da boca, as caretas quando está zangado, a testa
franzida quando está a ficar com sono, os estalinhos da língua quando quer
mamar ou os barulhinhos que faz enquanto dorme.
As respostas estão todas ali. É ali
que devemos procurá-las.
É preciso libertar as mães.
Porque quando uma mãe é finalmente libertada de tudo o que não a ajuda a ligar-se ao seu bebê, acontece a magia.
Porque quando uma mãe é finalmente libertada de tudo o que não a ajuda a ligar-se ao seu bebê, acontece a magia.
Autora: Constança Ferreira – Terapeuta de Bebés e Conselheira de
Aleitamento Materno OMS/Unicef
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